20.5 C
São Paulo
sexta-feira, abril 26, 2024

Fragmentação da Infraero põe em risco integração nacional do país

Destaques

A Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) está preocupada com a desvalorização das profissões na aviação civil no Brasil. Para o secretário regional da entidade nas Américas, Antonio Fritz, diversas medidas promovidas pelas empresas e por órgãos do governo brasileiro vêm descaracterizando as categorias de aeroviários, aeronautas e aeroportuários, e com isso negando direitos específicos desses trabalhadores.
img_0405

Na tarde desta terça-feira (27/9), durante o painel “Conjuntura Política na América Latina”, do simpósio “Concessões de aeroportos brasileiros: um balanço”, promovido pelo Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), em Brasília, Fritz ressaltou que a Infraero é, mesmo com a concessão dos seis aeroportos já realizada, um dos maiores gestores de aeroportos do mundo. “Como empresa pública, a Infraero deveria privilegiar seu fortalecimento, em nome do interesse público, e não conceder aeroportos e se enfraquecer, como aconteceu”, afirmou. “Somar milhões com as concessões e ficar deficitária demonstra que muitos erros foram cometidos nesse processo”, completou.

Também preocupa a ITF a fragmentação que o governo federal vem implementando na Infraero, com o objetivo de enfraquecê-la para privatizá-la. “É muito mais fácil vender para a opinião pública a ideia de que é bom privatizar uma estatal deficitária, ou fragmentá-la e vendê-la em partes, e é isso que vem acontecendo com a Infraero”, afirmou Fritz.

O representante da ITF destacou ainda que o Sina é o único com legitimidade e capaz de mobilizar os trabalhadores para lutarem em defesa dos seus empregos e da manutenção da Rede Infraero. Ele destacou também que o acordo feito pelo entidade junto ao governo federal na época das concessões dos cinco primeiros aeroportos, após uma ampla luta para reverter as concessões, garantiu o emprego de milhares de trabalhadores da Infraero, diante um processo que se mostrou irreversível.

O presidente do Sina, Francisco Lemos, ressaltou as mudanças tecnológicas nos aeroportos do Brasil e do mundo, e a importância dos trabalhadores estarem atentos a essas transformações, que estão alterando o mercado de trabalho. “O Sina está acompanhando essas mudanças, para antecipar-se e informar os trabalhadores, assim como para garantir a manutenção dos direitos e dos postos de trabalho nesse novo cenário, especialmente em áreas de ponta como a navegação aérea”, afirmou.

Célio Lima, secretário-geral do Sina, ressaltou a importância do Brasil constituir, de fato, uma política de aviação civil nacional capaz de fomentar o acesso da população à aviação em regiões do país distantes dos centros econômicos, como a Região Norte, “para fomentar o desenvolvimento econômico e social dessas localidades”. Lemos completou dizendo que não vê nenhuma possibilidade de desenvolvimento dessas regiões sem um fomento à aviação regional. “O dinheiro do Fnac (Fundo Nacional da Aviação Civil) deveria servir para isso, mas parece que os recursos do Fundo sumiram, pois não estamos vendo ele ser aplicado nesse tipo de política tão importante. Temos que cobrar isso do governo, nós, trabalhadores, e o povo em geral”, afirmou Lemos.

Também participou da mesa do painel o secretário de Finanças do Sina, Samuel dos Santos, e a diretora do Sina Mara Meiry, Secretaria Nacional da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL/CUT).

img_0422

Meiry destacou que as mulheres ainda têm um longo caminho para lutar por igualdade, inclusive no meio sindical, no ramo dos Transportes, já que são minoria em vários modais e na direção das entidades sindicais.

img_0439

A ITF, fundada em 1896, representa aproximadamente 5 milhões de trabalhadores, reunindo cerca de 700 entidades sindicais de 160 países. (Imagens: Gabriela Bacelar/Folha Opinião)

Últimas matérias