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sábado, abril 20, 2024

Concessões de aeroportos e céus abertos prejudicam trabalhadores da Argentina

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A troca de experiências sobre a representação dos trabalhadores da Aviação Civil na Argentina e como se deu o processo de concessão de aeroportos no país foi o tema da palestra da manhã desta quinta-feira (30/3), durante o 3º Congresso Nacional dos Aeroportuários, promovido pelo sindicato nacional da categoria (o Sina), em Tamandaré (PE).

Os represententantes da Asociación Personal Aeronáutico (APA), que reúnem trabalhadores em terra das companhias aéreas e dos aeroportos (aeroviários e aeroportuários) Rafael Mella e Pablo Dolegarate explicaram como os trabalhadores argentinos vivenciaram as mudanças no setor aeroportuário e o contexto político do país nos governos Kirchner e Macri, o primeiro com uma posição mais à esquerda, e o segundo de direita, que vem implementando no país a retirada dos direitos e redução dos salários dos trabalhadores, muito semelhante ao que está acontecendo no Brasil, no governo Temer.

“Tivemos doze anos de experiência de um governo democrático e popular e agora estamos vivendo um governo neoliberal, enquanto o Brasil vive um golpe”, afirmou Mella. “Porque para um país ser rico, o povo tem que ser pobre”, questionou o sindicalista. De acordo com ele, há dois meses, houve uma audiência pública para tratar da autorização do governo para que cinco companhias aéreas de baixo custo entrem no mercado Argentino de aviação.

O governo também tem interesse em implementar céus abertos no país e alega que quer modernizar o setor, mas os sindicalistas temem que as medidas venham no sentido de enfraquecer as companhias aéreas estatais Aerolíneas Argentinas e Austral, e que a entrada de empresas estrangeiras resulte no desrespeito dos direitos trabalhistas e na desregulamentação do mercado.

“Sabemos que quando empresas estrangeiras vêm para o país, o primeiro afetado é o trabalhador. Tiram direitos, salários e empregos. Vamos seguir lutando para manter os direitos que conquistamos nos últimos anos com muita luta. Aprofundar a unidade sindical na Argentina e na América Latina é muito importante para isso”, ressaltou. “A mobilização e a unidade dos trabalhadores é fundamental para enfrentar as políticas neoliberais na América Latina”, completou.

Dolegarate destacou que os trabalhadores se sentem apartados, distanciados da realidade de outros países, mas o que acontece em um acaba refletindo ou se repetindo em outras nações. “Achávamos que não passaríamos pelos abusos cometidos pela TAM e Avianca em relação aos direitos dos trabalhadores no Brasil, mas está acontecendo agora na Argentina. No Brasil, está havendo a privatização dos aeroportos. Na Argentina isso também ocorreu e lutamos por doze anos para conseguir acordar um acordo coletivo de trabalho”, contou.

A APA vem passando por um processo de reestruturação, com a criação de secretarias de gênero e igualdade, direitos humanos e juventude, para ampliar e qualificar a luta, além de formar novos quadros e estimular a participação dos trabalhadores. “Estamos focando nossa energia e conhecimento para transmitir nossa história de luta às novas gerações, para que os jovens dêem continuidade”, disse Dolegarate. “As empresas aéreas cada vez mais se unem.

Precisamos também ampliar nossa unidade e estar preparados para uma luta cada vez mais complexa”, reforçou. Segundo ele, há riscos de o governo argentino querer enfraquecer as aéreas estatais para então privatizá-las, e a abertura de mercado, com empresas low cost, além de prejudicar os trabalhadores (que pagariam a conta desse baixo custo com a precarização do trabalho) pode estar vindo nesse sentido, de tirar mercado das estatais, para que fiquem deficitárias. Segundo os sindicalistas, 24 aeroportos argentinos foram privatizados.

Os dirigentes argentinos pediram aos sindicalistas do Brasil que apoiem a luta pela libertação de uma companheira sindicalista presa na Argentina por motivos que eles afirmam serem inventados, ou seja, uma prisão política.

O dirigente sindical cubano Fermin Umpierre Iraola, secretário geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Portos – SNTTP, reforçou que os trabalhadores querem as mesmas coisas em todos os países, mas buscam conquistar seus direitos de diferentes formas e não se unem.

“Somos todos trabalhadores. Aeroportuários, aeroviários, aeronautas são acima de tudo trabalhadores como os demais. Temos que fazer sempre referência às nossas lutas, ao modo como chegamos aqui”, afirmou. Ele agradeceu ao Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) por aprovar no Congresso uma moção contra o embargo dos EUA à Cuba e a favor do povo cubano. Apesar dos movimentos de aproximação e abertura feitos pelo ex-presidente norteamericano Barack Obama, o embargo ainda continua. O diretor de Saúde do Sina, Marco Antônio Guimarães, compos a mesa junto com os palestrantes.

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