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quinta-feira, março 28, 2024

Entrevista sobre o simpósio e a concessão de aeroportos

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Confira a entrevista do presidente do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Francisco Lemos, à TV Linha Direta, sobre o posicionamento da entidade em relação à concessão de aeroportos promovida pelo governo federal. Matéria gravada no Aeroporto de Guarulhos, em 11/10/2016. 

Na entrevista, Lemos ressalta que o governo não tem política para o setor aéreo brasileiro. “Continuamos contra a concessão de aeroportos, mas não somos contra a construção de novos aeroportos. Há empresários ansiosos com a medida que o governo Temer irá baixar permitindo a devolução de aeroportos ao governo. Ou seja, é uma brincadeira com a vida do trabalhador e o patrimônio do povo brasileiro. E as outorgas já estão atrasadas”.

Sobre as condições de trabalho e o acesso da população aos aeroportos, ele destaca: “Quando concederam os aeroportos, pensaram nos passageiros, mas não no trabalhador, e o trabalho vem sendo precarizado, e muito, nos aeroportos brasileiros. Os usuários não sabem que há muito assédio moral, condições de trabalho cada vez mais precárias, uma política antissindical descarada por parte dos empresários. Somente em Guarulhos, são 45 mil trabalhadores atuando no aeroporto. E o papel do Sindicato é pensar nesses trabalhadores”. Também questiona a falta de uma política de governo para as classes C e D terem acesso ao transporte aéreo. “Agora cobram taxa de conexão, que não existia antes. E essas pessoas voltaram para as rodoviárias. As agências reguladoras não funcionam. Conceder aeroportos é dividir as classes sociais”.

Sobre a aviação regional, Lemos ressalta que o FNAC (Fundo Nacional da Aviação Civil) foi criado com as concessões para promover a integração do país através do transporte aéreo, mas até agora não liberou um real para esse projeto. “Parece que os recursos do FNAC são fictícios. Qual empresário vai querer administrar, investir num aeroporto deficitário? Sem projeto de governo para a aviação, vamos seguir vendo a deteriorização dos direitos dos trabalhadores, um retorno da elitização nos aeroportos e nenhuma integração regional em nosso país, uma rotatividade cada vez maior de trabalhadores nas concessionárias, prejudicando a formação profissional e fragilizando o know how necessário à gestão dos aeródromos”.

Na entrevista, Lemos também comenta que a Infraero é a “Geni” das estatais e que a categoria está sofrendo com a ameaça de concessão de mais aeroportos da Rede à iniciativa privada, em um cenário em que as atuais concessionárias não conseguem sequer pagar as outorgas à União.

(Reprodução TV Linha Direta)

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