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sexta-feira, março 29, 2024

Claret fala sobre o futuro da Infraero diante das concessões

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O que o governo espera da Infraero, qual a Infraero que queremos e a que não queremos. O posicionamento da direção da empresa foi esclarecido hoje (27/9), pela manhã, durante o simpósio “Concessões de aeroportos brasileiros – um balanço”, promovido pelo Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), em Brasília. O presidente da estatal, Antônio Claret, participou do painel “O futuro da Infraero”, e afirmou que o governo federal espera que a estatal torne-se uma empresa autossustentável capaz de dar conta da integração nacional do país. 

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“Eu vou dizer a vocês que falta pouco, por incrível que pareça, falta pouco para isso. A autossustentabilidade é fundamental para que sejamos respeitados. A Infraero que não queremos é uma empresa deficitária, em 10 bilhões. Para mim é questão de honra fazer a Infraero superavitária, uma empresa cujos trabalhadores estejam com sua moral alta”, disse Claret.

A Infraero é a segunda maior empresa do mundo em passageiros transportados e uma empresa público com dimensão planetária, ressaltou Claret. “Uma das maiores e mais importantes empresas do Brasil, e do mundo nessa área”, afirmou.

Claret ressaltou que age com transparência para que os funcionários da Infraero não fiquem com o moral baixo, devido a uma ideia de futuro incerto. “Temos que formatar o que pensamos para a empresa e defender isso com inteligência, não desperdiçar talentos e ter mais velocidade de reação”, disse. “Agradeço publicamente o apoio que o Sina está dando para essa empresa. O Sindicato tem que participar da gestão da empresa. Acordo coletivo é direito, tem que ser resolvido rápido. Precisamos construir juntos a gestão, fazer dinheiro para a empresa, tirá-la desse buraco, e falar em distribuição de lucro”, completou. Disse também que não quer falar de uma empresa falida, mas de uma empresa que vai ganhar muito dinheiro e poderá distribuir esse ganho entre os empregados. “Ninguém tem uma rede de aeroportos igual a da Infraero. Alguém vai ter que me explicar porque que a gente compra projeto, se temos tanta competência técnica na empresa”, completou.

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A nova Rede Infraero (principal destino dos recursos destinados à estatal) será composta pelas empresas ASA Soluções Aeroportuárias (que atuará na área de serviços técnicos e consultoria, em joint venture com a Fraport), a Infraero Aeroportos (CGH, SDU e MAO, que visará o aprimoramento da gestão ou concessão de áreas comerciais e estacionamentos), a Infraero Participações (para aprimoramento da gestão das participações nos aeroportos concedidos – BSB, GRU, GIG, VCP e CNF) e a Infraero Navegação Aérea (que visará a reorganização das atividades de navegação, compartilhadas com o DECEA).

“Não há como sobreviver (a integração nacional através da aviação civil) sem a Infraero. Ela é fundamental do meio do Brasil para cima e muito importante do meio para baixo. Precisamos recuperar a credibilidade da Infraero no mercado, garantir resultado positivo já em 2017 (a expectativa da empresa é de fechar o balanço com superávit de R$ 260 milhões), potencializar os centros de resultados, que são os aeroportos, valorizando-os, e usufruir o patrimônio da Infraero para gerar receita para a empresa”, afirmou Claret.

Durante o painel, Claret fez questão de chamar o presidente do Sina, Francisco Lemos, para apresentarem conjuntamente a recente decisão de se criar o Dia do Aeroportuário da Infraero. A data, que será comemorada em 17 de novembro, remete ao dia de fundação do Sindicato.

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“Dentro do PL 6.172/16 (que versa sobre a regulamentação da profissão, em tramitação no Congresso) está previsto o dia do aeroportuário, em 17 de novembro, que é a data de fundação do nosso Sindicato. A Infraero resolveu, antes do PL ser aprovado, adotar por antecipação a data. Se as concessionárias quiserem, podem adotar a data também”, destacou Lemos.

O presidente do Sina, no entanto, fez um contraponto importante à fala do novo presidente da Infraero. “Ao contrário do Claret, continuo terminantemente contrário à concessão de aeroportos da Infraero”, disse Lemos. “A Infraero é a Geni das estatais, porque não consegue se defender. Espero que nessa nova gestão isso mude de fato. Nossa empresa tem excelência em muitas áreas, sendo a única empresa brasileira com know how em determinadas ações, como na pavimentação de pistas de aeroportos, e exporta esses talentos para outras empresas, porque por muito tempo nossos trabalhadores não foram valorizados”, completou.

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“Fomos desafiados, como Sindicato, a enfrentar as concessões e não morrer. E o Sina cresceu, ampliou sua base e vem lutando para superar os problemas enfrentados pelos aeroportuários, buscando sempre a unidade. Éramos um sindicato de uma empresa só, hoje atuamos para trabalhadores de várias empresas, e nossos acordos são negociados com muito empenho. Tivemos uma greve de 19 dias em 2013, em meio ao processo de concessão dos primeiros aeroportos. Antes disso, encabeçamos inúmeras greves. E os acordos são uma conquista nossa, dessa luta. A estabilidade no emprego até 2020, para os trabalhadores da Infraero, diante das concessões, é fruto de muita luta e negociação com o governo. Seis diretores do Sina estão condenados pela Justiça por tentar frear os leilões dos aeroportos. Cada um desses diretores está devendo à União, segundo essa sentença, mais de 2 milhões de reais. Fomos buscar vagas para os aeroportuários dos aeroportos concedidos em outros órgãos públicos, para que a Infraero não tenha trabalhadores ociosos por conta dessa estabilidade e ninguém fique sem emprego. Não podemos permitir o desemprego da nossa categoria”, explanou o presidente do Sina.

Lemos também criticou o setor de Recursos Humanos da Infraero. “O RH da Infraero deixa muito a desejar. Precisamos aprimorar esse setor, buscar um modelo de gestão mais humano. Quem atua em gestão de pessoal tem que gostar de gente. Se a Infraero quer melhorar o moral da categoria, precisa melhorar o tratamento dado ao trabalhador, melhorar a política de gestão, cumprir o acordo coletivo sem criar empecilhos. O Sina não vende ilusão, não é hipócrita. Ele diz a realidade”, concluiu. (Imagens: Gabriela Bacelar/Folha Opinião)

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