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sexta-feira, março 29, 2024

Infraero: tortura nunca mais, mesmo!

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EDITORIAL – Em dezembro de 1968, o então general presidente do Brasil Costa e Silva instituiu no país um dos períodos mais sombrios e injustos da nossa História, através do Ato Institucional nº 5, conhecido até hoje como AI-5.
Com o ato, foram cassadas, literalmente, a democracia, a liberdade de pensamento e expressão dos brasileiros. E, como crueldade máxima, foram cassados também nossos direitos civis, como o direito ao voto, às organizações sindicais e políticas, e até nosso direito à voz, chegando ao desplante de quererem cassar até o nosso pensamento.
Aqueles que eram pegos querendo reivindicar qualquer um desses princípios sociais recebiam o rótulo de subversivos ou comunistas comedores de criancinha.
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(Reprodução)
Pois, há poucos dias, o Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) foi questionado pela Procuradoria do Trabalho, que queria saber a opinião e atitude do Sindicato sobre a instauração de uma sindicância na Infraero com o objetivo de punir trabalhadores que, “supostamente” estariam se organizando para reivindicar direitos trabalhistas na Justiça.
O Sina, imediatamente, teve acesso a um ato da Procuradoria da Infraero constituindo a tal sindicância. Mas ficou sem saber, a princípio, onde este tribunal de inquisição iria atacar, levando em conta que a Infraero é uma estatal que abrange o território nacional.
O foco dos inquisitores surgiu em Salvador-BA.
Diante da informação, a diretoria do Sindicato, através do secretário jurídico Marcelo Tavares, se deslocou para Salvador e se surpreendeu com o cenário encontrado, que se assemelhava com o período do AI-5 mesclado com a atuação religiosa inquisitora da Idade Média. Havia, inclusive, a colaboração de trabalhadores locais depondo contra os colegas, e o pré julgamento de alguns já causava constrangimentos, patologias psicológicas e até revolta coletiva daqueles que estavam no caminho desse tribunal nefasto.
Antes que os danos sociais e pessoais começassem a sair do controle, exatamente como ocorreu nos períodos sombrios mencionados, o Sindicato encaminhou uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia, para que a Justiça do Trabalho possa avaliar esse tipo de atitude danosa que a Procuradoria da Infraero está tentando resgatar.
O Sina esclarece que nenhum dos processos que tramitam na Justiça do Trabalho instaurados pelos profissionais que estão sendo perseguidos em Salvador foram encaminhados pelo Jurídico do Sindicato, e sim por advogados particulares que os trabalhadores contrataram. O Sindicato não conhece a fundo o conteúdo das reclamações trabalhistas, mas ressalta que a entidade é e estará sempre comprometida com o Estado Democrático de Direito, e que esses trabalhadores, com suas demandas colocadas na Justiça, entraram com advogados especializados por que tem uma estratégia, e o Sindicato irá defender com toda força o direito deles.
Essa perseguição em Salvador gerou uma revolta em toda a direção do Sina, que já informou à Infraero que, no Brasil, tortura nunca mais, mesmo!
Veja abaixo o documento com a instauração da sindicância e a denúncia protocolada no MPT pelo Sina.

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CCF17062016_00003

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