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quinta-feira, março 28, 2024

Infraero aposta na aviação regional para reverter perdas com as concessões

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O futuro da Infraero pode estar na administração de aeroportos regionais e na prestação de serviços aos aeroportos que estão fora da rede atual. A perspectiva foi defendida pelo presidente da estatal, Gustavo do Vale, durante palestra realiza para os delegados sindicais do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), no 2º Congresso Nacional da categoria.

“A aviação regional é efetivamente o futuro da nossa classe”, disse Gustavo do Vale aos participantes do evento, realizado em Tamandaré, no final de março.

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O presidente do Sina, Francisco Lemos, abriu a palestra ressaltando que Gustavo do Vale aceitou de pronto o convite da entidade, durante uma reunião para discutir o PCCS (Plano de Carreira, Cargos e Salários) e que, apesar de a entidade estar muitas vezes em situação de confronto com a direção da Infraero, esse embate sempre se deu com respeito, como oponentes, não inimigos.

Também explicou porque Gustavo do Vale estava vestindo a camiseta do evento: “Para quem não sabe, o presidente da Infraero é sócio do Sindicato, e foi sindicalizado pelo Sr. Gilson pouco depois de assumir a presidência”, disse Lemos em tom descontraído. “Queremos saber o que a Infraero pensa e o que espera para o futuro, a situação da Infraero Serviços, o andamento das comissões”, completou.

Segundo Gustavo do Vale, a Infraero está negociando com o governo verbas para dar andamento ao Plano de Demissão Voluntária e segurar as finanças da estatal até que comece a receber dividendos dos aeroportos privatizados, nos quais é sócia com 49% das ações.

A futura concessão dos aeroportos do Galeão e Confins, somada à concessão dos aeroportos de Guarulhos, Brasília e Viracopos (que representavam 36% do faturamento) significa a perda de R$ 800 milhões do faturamento da Infraero.

Em 2012, a Infraero teve um resultado operacional de R$ 950 milhões de reais. Em 2013, com a concessão dos três aeroportos, o resultado caiu para R$ 106 milhões. A estatal também teve de aportar R$ 1,5 bilhões no capital social dos aeroportos concedidos. E terá que aportar mais R$ 200 milhões após a concessão de Confins e Galeão.

Apesar dessa redução de faturamento, a Infraero tem feito investimentos recordes nos 61 aeroportos da rede. Em 2013, foram investidos 2,3 bilhões em infraestrutura aeroportuária, sete vezes mais do que em 2010, quando foram investidos R$ 350 milhões.

A criação da Infraero Serviços é a grande chance da estatal recuperar sua receita. A ideia é criar uma subsidiária capaz de aproveitar o know how e o corpo funcional da estatal, oferecendo serviços para aeroportos privados, regionais e concedidos à iniciativa privada.

Gustavo do Vale afirmou que o governo não tem nenhum estudo ou intenção de privatizar outros aeroportos neste mandato.

 

Reestruturação começa em agosto

De acordo com Gustavo do Vale, a reestruturação da Infraero deve ter início em agosto. Dentre as mudanças previstas estão tornar a sede um centro exclusivamente decisório e permitir uma troca maior de serviços entre as bases. O plano deve alterar o funcionamento das diretorias, através da criação de superintendências e comitês, com o objetivo de modernizar a gestão e melhorar o desempenho operacional da estatal.

Sobre a situação dos aeroportuários que vierem a perder comissões, segundo Gustavo do Vale, terão a redução salarial realizada de forma escalonada ao longo de um ano. Nesse tempo, ele acredita que a criação da Infraero Serviços poderá gerar novas oportunidades para esses trabalhadores. Disse ainda que não haverá perda de cargos nos aeroportos, apenas na sede e regionais. Além disso, segundo ele, a Infraero vem aceitando acordos para incorporação salarial nos processos judiciais ingressados por aeroportuários, em primeira instância.

Ao final da palestra, em resposta a um questionamento de um delegado sindical, Gustavo do Vale afirmou que não é política da estatal privar o aeroportuário de fazer reivindicações, e que se algum gestor faz isso, é porque não entendeu que a estatal é uma organização moderna. Ele também disse desconhecer que há problemas com a qualidade e a distribuição de uniformes e comprometeu-se a dar resposta às demandas levantadas pelos sindicalistas.

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